Como serão as ferramentas de corte do futuro?
Cada vez mais se ouve falar de Indústria 4.0, ou de Manufatura Avançada ou Manufatura Inteligente. Não importa qual terminologia usada, a verdade é que cada dia mais máquinas, equipamentos, instrumentos, acessórios estão sendo integrados, trocando informações entre si. E as ferramentas de corte para usinagem como irão se adequar a esse novo cenário?
Fabricantes de ferramentas em todo o mundo estão investindo tempo e dinheiro para desenvolver e adequar seus produtos à nova revolução industrial. Mirko Merlo, CEO da Walter Tools, em recente visita ao Brasil, abordou este tema durante as comemorações dos 20 anos da filial brasileira, destacando algumas novidades nas quais a empresa alemã está trabalhando.
Merlo citou números que justificam a entrada da indústria de ferramentas na busca por soluções adequadas à Indústria 4.0. Estima-se que, em 2020, cerca de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados. E, detalhe, 86% desses dispositivos não serão PCs, smartphones ou tablets. 40% dos dados gerados serão transmitidos de máquina para máquina, ou seja, de dispositivo para dispositivo.
Para se integrar a este ambiente de manufatura, as ferramentas também terão de ser inteligentes. A Walter, por exemplo, já desenvolveu ferramentas como a fresa da foto que ilustra este texto com um Q-Code gravado. Por intermédio desse Q Code, a ferramenta irá se “apresentar” à máquina e ao equipamento de pré-set.
“A ferramenta transfere informações diretamente à máquina, eliminando a necessidade de papéis. Isso significa maior velocidade, erro zero e confiabilidade do processo”, informou o CEO da Walter. Todas as informações sobre a ferramenta que hoje são colocadas em papel podem ser gravadas na própria ferramenta e transferidas de forma automática, eliminando possíveis erros do operador.
Esse projeto, batizado de Tool ID (identidade da ferramenta), não é ficção. Já existe e está sendo colocado em prática em algumas empresas na Alemanha, parceiras da Walter. Se hoje uma ferramenta considera boa é aquela que apresenta bom desempenho de corte, no futuro acrescentar características como fácil de usar e gerenciar.
Num próximo passo, e a Walter está trabalhando nesse sentido, as ferramentas terão condições de passar muitas outras informações à máquina, inclusive durante o processo de usinagem. Poderá informar se está ocorrendo vibração, como está o desgaste, se as pastilhas estão próximas do final de sua vida útil etc. Além disso, terão capacidade de ir memorizando informações das operações de que participou.
De acordo com Merlo, estas novidades estão em fase experimental. O executivo conta que a empresa trabalha em parceria com duas universidades e que os testes estão sendo realizados em quatro centros. Para tanto, a empresa tem adquirido tecnologias e também está desenvolvendo tecnologias com parceiros de diferentes áreas, como as de sensores e unidades de medição.
SMART FACTORY – A Walter inaugurau em Tübingen, na Alemanha, onde está sede da companhia, a Smart Factory. Trata-se de um projeto que envolveu investimento de cerca de 20 milhões de euros em máquinas e equipamentos e que pretende ser um avanço da empresa no campo digital. “Vamos ser capazes de atender nossos clientes onde quer que eles estejam a partir deste centro. Seremos capazes de chegar diretamente às máquinas dos nossos clientes, transferir programas em tempo real, definir estratégias de usinagem…”.
“Essa unidade, em conjunto com as ferramentas da Indústria 4.0, vão elevar a Walter Tools a um novo patamar”, afirma Merlo. “Não tenho dúvidas de que a Indústria 4.0 vai caracterizar nosso trabalho nos próximos 10 anos”.
Fonte Usinagem Brasil / Revista Ferramental.